O que é Matriz de Fibrina (PRF)? Conheça a técnica que está revolucionando o Tratamento de Feridas

A Matriz de Fibrina Autóloga (PRF) é uma terapia regenerativa que funciona como um curativo biológico feito a partir do sangue do próprio paciente.

Priscilla Sckarlat de Souza, enfermeira pós-graduada em Dermatologia com Ênfase em Feridas, está conduzindo uma revolução no tratamento de feridas complexas e popularizando esta técnica utilizada na odontologia há mais de 20 anos, mas até então pouco explorada na área da enfermagem.

O que é Matriz de Fibrina?

A Matriz de Fibrina é um material biológico obtido através do sangue do próprio paciente. Para isso, é preciso fazer a coleta de sangue venoso periférico e em seguida utilizar uma centrífuga para separar as células do sangue, a partir deste processo é que são formados os produtos que podem ser aplicados no paciente. Existem muitos protocolos para se obter esse biológico, em todos eles, os resultados conquistados são positivos e promissores.

Os estudos que apontavam as propriedades cicatrizantes da Fibrina começaram na primeira metade do século XX, com o cientista Salo Begel. Ao longo das décadas, o conhecimento a respeito deste material evoluiu consideravelmente, com contribuições notáveis, como a apresentação da técnica PRF (Platelet Rich Fibrin) por Joseph Choukroun, no ano de 2001. Desde então, o uso da Matriz de Fibrina passou a ser um opção simples e eficaz, acelerando resultados especialmente em enxertos ósseos na odontologia e em pacientes com feridas abertas complexas.

Matriz de Fibrina: uma abordagem inovadora

A Matriz de Fibrina, também conhecida como PRF (Platelet Rich Fibrin), emerge como uma solução promissora para regeneração de tecidos, funcionando como um enxerto temporário eficaz para as feridas. Além disso, o material é útil em aplicações estéticas e para o tratamento da dor.

O bom uso da Matriz de Fibrina pode ser exemplificado através de um caso complexo de escalpelamento de uma jovem de 17 anos, que sofreu um acidente durante uma corrida de Kart no DF, como reportado no Portal G1. A Matriz de Fibrina foi utilizada para auxiliar no processo de regeneração dos tecidos do crânio que foram perdidos no acidente, garantindo assim uma rápida recuperação da paciente.

PRP x PRF

Quando falamos sobre concentrados sanguíneos autólogos obtidos do sangue periférico, uma sigla tem maior popularidade e conhecimento pelo público em geral: PRP (Platelet Rich Plasma). 

A Matriz de Fibrina Autóloga ficou consagrada na literatura internacional como PRF (Platelet Rich Fibrin) e, apesar das semelhanças, esses dois biológicos são obtidos de formas diferentes e costumam ser confundidos com frequência. 

O enfermeiro habilitado no uso da Matriz de Fibrina deve conhecer e diferenciar esses dois métodos, compreendendo a fundo a biologia de cada um.

O uso da Fibrina na Enfermagem

A enfermagem brasileira está na vanguarda de uma transformação significativa no tratamento de feridas com Matriz de Fibrina, impulsionada pela visão e dedicação de profissionais como Priscilla Sckarlat de Souza.

A literatura que apresenta evidências em relação à aplicação da Fibrina Autóloga na regeneração tecidual reforça as excelentes perspectivas com o uso da técnica, recomendando e trazendo os benefícios da utilização desse produto no tratamento de feridas quando se compara ao grupo controle, demonstrando que a técnica está destinada a desempenhar um papel fundamental na melhoria dos resultados clínicos e na promoção de uma abordagem inovadora e acessível para o cuidado de feridas no Brasil e no Mundo.

Pioneira na popularização do uso da Matriz de Fibrina na enfermagem, Priscilla destaca que, antes de tudo, a visão do cuidado ao paciente precisa ser integral, junto a uma equipe multiprofissional.

Habilitação em Matriz de Fibrina e Terapias Regenerativas

Priscilla enfatiza o papel central do enfermeiro no Tratamento de Feridas respaldado pela Resolução n. 587/2018 COFEN e que para atuar com a técnica da Matriz de Fibrina o profissional deve ser devidamente habilitado.

O conhecimento será a principal ferramenta do enfermeiro para trabalhar com as possibilidades que essa terapia regenerativa proporciona e quando administrada por um profissional capacitado, oferece resultados excepcionais de forma segura, garantindo mais qualidade de vida e bem-estar ao paciente.

A Habilitação em Matriz de Fibrina abre portas para uma melhora significativa da relação: Custo x Efetividade x Valorização Profissional.

Como nasceu a Enfermagem Regenerativa

Há 11 anos atuando no tratamento de pessoas com feridas, a enfermeira Priscilla Sckarlat iniciou sua trajetória com terapias regenerativas no final de 2021, quando se habilitou no uso do laser de baixa potência e se tornou precursora da Enfermagem Regenerativa no Brasil. 

Desde então, sua curiosidade e vontade de entregar resultados rápidos aos seus pacientes a levaram a estudar uma possibilidade já consolidada e regulamentada na odontologia desde 2015, o uso do sangue para produzir um curativo biológico autólogo.

Após uma história de frustração em um curso, intensificou seus estudos na área e passou a investir em cursos de terapias regenerativas com outras áreas, de referências nacionais e internacionais e ao sedimentar melhor esse conhecimento, Priscilla decidiu levar ao Conselho Regional de Enfermagem um pedido de Parecer com a proposta de disseminar e regulamentar a técnica em âmbito Nacional.

Com o reconhecimento do seu trabalho passou a ser convidada para ocupar espaços como diretoria da Sociedade Brasileira de Feridas e Estética (SOBENFeE) no Brasil e no DF, a prestar consultoria técnica na emissão do Parecer Técnico n.11/2023 COREN/DF onde pediu a criação do Grupo de Trabalho que foi indicada a integrar, no Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), para a regulamentação do uso dos Concentrados Sanguíneos no âmbito da Enfermagem.

Palestrante em vários congressos nacionais e internacionais, ao idealizar a Enfermagem Regenerativa, Priscilla popularizou o conhecimento de uma técnica que era pouco conhecida pela Enfermagem e que tinha maior visibilidade na esfera acadêmica e científica, trazendo a ciência dos Concentrados Sanguíneos Autólogos para a prática clínica do enfermeiro, transformando a Enfermagem Regenerativa em uma nova área de atuação no Brasil.