Priscilla Sckarlat e a Enfermagem Regenerativa

A enfermeira pós-graduada em dermatologia, Priscilla Sckarlat de Souza, é a responsável por aplicar tratamentos com matriz de fibrina na recuperação de feridas agudas e crônicas. Ela é a idealizadora da Enfermagem Regenerativa no Brasil.

Antes de explicar o que significa Enfermagem Regenerativa e o papel de Priscilla nisso tudo, é necessário entender outro conceito: Medicina Regenerativa. 

De acordo com Mason & Dunnill:

“A medicina regenerativa substitui ou regenera células, tecidos ou órgãos humanos, para restaurar ou estabelecer a função normal”.

Mas, você deve estar se perguntando: Como isso é possível?

A regeneração ocorre através da interação de diversas áreas do conhecimento científico, como biologia celular e molecular, biomateriais, engenharia de tecidos, nanotecnologias, genética, imunologia e o que mais a mente de um pesquisador decidir alcançar. E o que a Enfermagem tem a ver com isso?

Depois de iniciar os estudos na área dos concentrados sanguíneos autólogos no tratamento de feridas, a enfermeira Priscilla Sckarlat de Souza começou a pesquisar cursos na área. Ela queria participar das melhores formações. Até que se deparou com uma certificação internacional, ofertada no centro de referência da América Latina em Pesquisas com Medicina Regenerativa. 

Para a surpresa de Priscila, na hora de fazer a inscrição no curso, ela descobriu que a formação era somente para médicos. Ela até entrou em contato com o responsável pelo curso para expressar sua decepção e inquietude. Afinal, era uma situação clara de cerceamento do profissional de enfermagem  

O enfermeiro é habilitado e respaldado legalmente para atuar no tratamento de feridas. É ele que lida diariamente com os cuidados dos pacientes. Então, porque não tem o direito de se especializar na área de regeneração de células, órgãos e tecidos lesados?

Na época, o responsável pela certificação internacional  ficou interessado na fala e paixão de Priscilla Sckarlat por essa causa. Dessa forma, resolveu conceder a exceção para que ela participasse do curso como convidada. 

Feliz e honrada, a enfermeira aceitou o convite. Mas, durante o curso, sentiu-se muito incomodada, pois apenas desempenhou o papel de auxiliar do enfermeiro. 

Em geral, não havia autonomia e nem espaço para dar voz às observações de uma avaliação a partir da perspectiva da enfermagem. Dessa forma, era uma certificação com modelo totalmente “medicocentrado”.

Os profissionais da enfermagem que atuavam lá, com postura de inferioridade, esperavam as ordens dos médicos para tratar os pacientes. Sem a chance de aprender mais sobre o tema e o quão inovador ele é para a área de saúde. 

Apesar do curso ser excelente, aquele contexto incomodou Priscila de tal forma que gerou uma ideia: criar um curso sobre tratamento de feridas para enfermeiros, a partir do método inovador de regeneração de tecidos. 

Foi assim que Priscilla Sckarlat de Souza criou o termo Enfermagem Regenerativa. Ela usou-o pela primeira vez na conclusão do pedido de parecer para o Conselho Regional de Enfermagem. 

O texto oficial diz:

“Nestes termos, a fim de cumprir os ritos hierárquicos e de abrangência sobre a atuação do enfermeiro em território nacional, solicito ao Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (COREN-DF) a apreciação desta pauta para emissão de parecer técnico normativo distrital, bem como o encaminhamento ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) para criação de grupo de trabalho para a construção de resolução para que a enfermagem brasileira possa exercer a Enfermagem Regenerativa de modo legitimado, com autonomia e em conformidade com nossa autarquia.”

Linha do tempo da Enfermagem Regenerativa

Em 14 de outubro de 2022, durante uma aula, a enfermeira Priscilla Sckarlat de Souza se viu absolutamente fascinada com tudo que aprendia ali a respeito de enfermagem regenerativa.

Naquela ocasião, o professor Leonel Oliveira, pesquisador de relevância mundial, falou: “Está faltando alguém para ir até o Conselho Federal e provocar um debate sobre esse tema para se falar em regulamentação da enfermagem regenerativa”.

Aquelas palavras entraram não só nos ouvidos de Priscilla Sckarlat, mas também no meu coração.

No mês seguinte, ela já estava articulando para pedir uma reunião no COFEN e, assim, ter a oportunidade de apresentar uma grande inovação no tratamento de feridas.

Em outubro de 2022, Priscilla Sckarlat foi recebida para uma reunião agendada com o diretor do COFEN, Dr. Gilney Guerra. Após a apresentação sobre a enfermagem regenerativa, ele ficou impressionado e se demonstrou totalmente a favor do movimento para regulamentação e avanços na área.

Priscila foi orientada a pedir um parecer técnico ao Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (DF). Ela teve todo apoio da autarquia e do professor que fez o chamado que a sensibilizou durante a aula. 

A primeira reunião aconteceu no dia 16 de fevereiro de 2023.  Priscila e o Prof. Dr. Leonel Oliveira fizeram uma breve explanação aos colegas daquele conselho.

Os membros demonstraram animação com as possibilidades que o domínio desse conhecimento traria aos enfermeiros. Dessa forma, foi decidido formalizar um pedido de parecer com a seguinte pauta:

“O uso terapêutico não transfusional de Concentrados Sanguíneos, no âmbito da Enfermagem”.

Assim, no dia 28 de abril de 2023, a enfermeira Priscilla Sckarlat protocolou o pedido de parecer, onde sugeriu a regulamentação da Enfermagem Regenerativa.

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