Qual a diferença entre PRP e PRF? Entenda os dois métodos

PRF ou PRP?

O sangue é fundamental em processos regenerativos. Os métodos PRP e PRF são obtidos a partir do sangue periférico autólogo e podem potencializar a regeneração de feridas e se consolidaram como as siglas mais conhecidas na literatura científica. Apesar das diferenças no processamento e obtenção, são frequentemente confundidos entre profissionais da saúde e pacientes. 

Neste artigo, vamos debater de forma geral sobre o PRP (Platelet Rich Plasma) e o PRF (Platelet Rich Fibrin) – conhecida também como Matriz de Fibrina Leucoplaquetária Autóloga (MFLA) – e esclarecer de uma vez por todas o que é e cada um deles. 

O que é PRP e PRF? 

São nomes de dois métodos que utilizam concentrados sanguíneos autólogos. Esses biológicos contém células, glicoproteínas, interleucinas, citocinas, fatores de crescimento e micropartículas circulantes que atuam na regulação da resposta angiogênica e de reparo. 

Devido o seu potencial, esses concentrados passaram a ser pesquisados e indicados com a finalidade terapêutica de potencializar a regeneração de tecidos. Com o passar dos anos, muitos métodos e aplicabilidades dessas técnicas possibilitaram o uso desses bioprodutos na regeneração de tecidos, de forma segura e eficaz.

De maneira geral, o PRP (Plasma Rico em Plaquetas) é a metodologia onde o bioproduto, processado a partir do sangue total, apresenta-se em forma líquida, anticoagulada. Já o PRF (Fibrina Rica em Plaquetas) é processado sem a necessidade da anticoagulação, tanto na fase líquida, quanto em forma sólida – membranas, plugs ou megamembranas –  de acordo com  a técnica de obtenção e preparo. 

A sigla PRF vem do inglês Platelet Rich Fibrin. No Brasil, no intuito de nomear pela caracterização desse biológico, se difunde o termo Matriz de Fibrina Leucoplaquetária Autóloga (MFLA). Portanto, PRF e Matriz de Fibrina, dizem respeito ao mesmo produto obtido a partir do sangue. 

Como obter o PRP (Plasma Rico em Plaquetas)?

O método de obtenção do PRP descrito na literatura indica que o sangue passe pelo processo de duas etapas de centrifugação, sendo a primeira para separar o plasma dos eritrócitos e a segunda para concentrar plaquetas, separando o PPP (Plasma Pobre em Plaquetas) do PRP ( Plasma Rico em Plaquetas). 

Ao final desse processamento, cerca de 20% do volume total de plasma será considerado PRP. As contagens normais de plaquetas no sangue variam entre 150.000/μl e 350.000/μl e a média é de cerca de 200.000/μl. Como a prova científica da melhora da cicatrização de ossos e tecidos moles foi demonstrada usando PRP com 1.000.000 de plaquetas/μl, é essa concentração de plaquetas desejável em um volume de plasma de 5 ml.

Como obter o PRF (Matriz de Fibrina)?

Membrana de PRF
Obtenção do PRF

O PRF (Matriz de Fibrina) é processado a partir de uma única centrifugação, em sistema fechado e tem como principal componente a fibrina.

Essa matriz biológica contém glicoproteínas adesivas, concentrações suprafisiológicas de plaquetas, (responsáveis por transportar e armazenar fatores de crescimento) e células mononucleares (que favorecem a modulação da inflamação), podendo ser obtido em fase líquida ou em fase sólida, como coágulos, plugs, membranas e megamembranas. 

PRP ou Matriz de Fibrina (PRF): qual a melhor opção para o tratamento de feridas?

Ambos os métodos são válidos, autólogos e por isso não apresentam risco de reação imunogênica. No entanto, O PRF apresenta vantagens em relação ao PRP, principalmente no que diz respeito à biossegurança e racionalidade no uso do sangue.

Por necessitar de duas centrifugações, o ideal é que o PRP seja manipulado em uma cabine de segurança biológica, o que não é prático e possível nos consultórios e ambulatórios. Além disso, o PRP necessita de validação quantitativa da amostra após seu processamento e despreza em média 90% do volume total da amostra coletada.  

O PRF (Matriz de Fibrina), por sua vez, possibilita a produção de um tecido humano autólogo (a partir do sangue do próprio paciente) com processamento simples, de centrifugação única, sem a necessidade do uso de anticoagulantes, resultando em um coágulo ou sobrenadante que reúne quase todas as plaquetas e metade dos leucócitos da coleta de sangue inicial (a maioria, linfócitos), com duas possibilidades de aplicação: injetável ou tópica. 

Porém, é importante salientar que para aplicação da Matriz de Fibrina em feridas é necessário um bom preparo do leito receptor para produzir a melhor interação e resposta terapêutica possível.

Evidência científica e estudos importantes

Os métodos PRP e PRF são constantemente colocados à prova através de estudos científicos de extrema importância para a área da saúde. 

Em pesquisa realizada em 2019, que comparou a ação dos dois métodos na regeneração de células da polpa dentária humana, concluiu que o PRF líquido promoveu maior potencial de regeneração das células quando comparado ao PRP tradicional. Além disso, o PRF líquido também atenuou a condição inflamatória criada pelo lipossacarídeo.

O PRF (Matriz de Fibrina) contêm propriedades capazes de promover uma melhor e mais rápida regeneração tecidual e surge como opção inovadora de cobertura biológica para lesões de difícil cicatrização, comportando se como um enxerto temporário que oferece estímulo, modulação da inflamação e arcabouço para migração das células na área afetada.

Você pode ler esta pesquisa, na íntegra, aqui.

Sckarlat Nurse
Idealizadora da Enfermagem Regenerativa no Brasil, trabalhamos com terapias avançadas para promover a cura e regeneração dos tecidos.
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